CONCERTOS

29/11/10

Como baixista, atravessei diversos períodos de fascínio desbragado por outros baixistas. Mais do que a música que faziam, interessava-me saber com quem tocavam, que discos tinham gravado, que material usavam, como se mexiam, o que vestiam, qual a evolução do seu penteado, como dormiam, com quem dormiam, o que comiam, quando como e porque tinham começado a tocar. Sem informação à distância de um clique, tentar saber tudo isto transformava-se num jogo em que quanto mais pormenores se sabiam mais pontos se marcavam em conversa entre pares. Paul McCartney, Brian Ritchie, Graham Maby, Flea, Jaco Pastorius e Kim Deal, foram alguns dos visados pela minha curiosidade furiosa.
Por vezes, este fascínio adolescente ainda me fulmina, sobretudo quando os dados são escassos ou estão por compilar. Sobre Joel Pina, viola-baixo, acompanhador de fado, noventa anos de idade e uma forma invejável, sei, por exemplo, que afina o baixo por quintas e que acompanhou Amália Rodrigues, mas rói-me não saber todos os instrumentos que utilizou durante sua longa carreira, e, sobretudo, quem os construiu e o que é feito deles (a começar pelo usado com o Quarteto de Guitarras de Martinho da Assunção, na foto — repare-se no fabuloso e insólito cravelhame).